quinta-feira, 30 de julho de 2020

A C.I.C. produz cinema no Brasil na década de 70



Após ter sido Presidente do Instituto Nacional do Cinema até o final do governo Médici, já em Janeiro de 1975, mesmo tendo sido convidado pelo governo Geidel para continuar resolvi sair porque havia sido  convidado pelo Srs Arthur Abeles (   https://variety.com/2000/scene/people-news/arthur-abeles-2-1117853783/  ) e Henry Michaud   (na época os CEOs da Cinema Internacional Corporation que tinha sede em Londres)  a trabalhar como produtor executivo deles na America Latina.

A CIC representava a comercialização internacional na época  das produtoras Paramount, Metro, Disney e Universal . A sede dessa empresa era em Londres para evitar os rigores das leis antitrustes dos EUA.
Fui convidado para criar e dirigir o primeiro e único departamento de produção de filmes nacionais  desse grupo na América Latina.


O objetivo colocado desde o início era utilizar valores retidos pelos imposto de renda sobre a remessa de lucros dessas empresas no Brasil, de acordo com a legislação em vigor. A remessa da renda obtida pelos filmes estrangeiros era limitada em 60% , ficando aqui no Brasil 40% para utilização na indústria local.

Essa lei não dura muito,  mas foi suficiente para reter no Brasil altos valores das empresas estrangeiras. Mais tarde acordos internacionais (GATT) decidem liberar esses valores de direitos autorais de forma integral.

Para isso fui ao USA fazer um curso rápido de produção executiva.
Eu era economista e a produção desses filmes deveria obedecer a critérios contábeis muito rigorosos, tanto dentro da legislação brasileira como dentro do entendimento da legislação estrangeira.

Obedecer às leis sindicais não era pratica na indústria cinematográfica brasileira naquela época.  Por exemplo. O sindicato de artistas determinava uma tabela de preços mínimos para toda classe. Horas máximas de trabalho, pagamento de horas extras, alimentação, figurinos sempre da produção, transportes, seguro de trabalho  etc.
Havia uma legislação de forte proteção ao artista brasileiro, muito parecida com a legislação francesa de proteção aos artistas de lá. . Mas na época quase não era cumprida.

Mas se a produção do filme fosse de uma empresa internacional, mesmo sendo criada uma empresa brasileira, registrada como todas, era claro que seria cumprida todas as exigências legais aprovadas por lei e pelos sindicatos de classe.

Aliás a nossa entrada na produção de cinema no Brasil causou um impacto muito grande. Primeiro porque chamou atenção para os técnicos e artistas de direitos que muitas vezes eles nem sabiam que tinham e passaram a cobra-los depois de outras empresas nacionais. Segundo que a nossa remuneração era maior do que os valores pagos pela produção nacional o que fazia que todos quisessem trabalhar conosco.  

A CIC entrava no mínimo com 55% do capital do filme. Era a produtora principal. A outra empresa se associava a nós como “Produtora Associada”. Todas as decisões cabiam  a produtora principal mesmo sendo os diretores de seus filmes pertencentes as produtoras associadas. Eu era o responsável pelas produções aqui no Brasil.

Dessa forma na função de produtor executivo na CIC,  trabalhamos com vários diretores de muito talento como Flavio Tambellini (pai) no Filme “ A Extorsão” , Alcino Dinis no Filme “ Motel” , Lula Campelo Torres no filme “Tangarella” , Marcel Camus ( Coprodução coma  França) no filme “Otalia da Bahia”, e JO Soares no filme “O Pai do Povo”.

Todos esses filmes acima a CIC era a produtora principal responsável pelo projeto.

Todos esses filmes fizeram muito sucesso. Mas gerou uma onda de um determinado grupo de cineastas dizendo que nós estávamos inflacionando os preços de artistas e técnicos e estava sendo prejudicial aos produtores brasileiros. Alegavam que os produtores nacionais não tinham como atender todas as proposições postas pelo Sindicato de Artistas sobre os inúmeros direitos de técnicos e artistas e que a concorrência se tornava desleal etc etc...

Isso gerou um desgasta que não interessava ao grupo,  apesar de suas atividades de produção local  beneficiar em muito a indústria do cinema brasileiro. 

Como a C.I.C era uma empresa que distribuía filmes dessas produtoras no exterior, eles preferiram continuar como distribuidoras para não criar atritos com a produção local e a partir daí somente participariam na forma indireta denominada “ Adiantamentode Distribuição” um valor como o nome diz, adiantando aos produtores brasileiros na produção de seus filmes, algum valor que desse os direitos de distribuição do filme em território brasileiro e latino americano. Esses valores eram logo recuperados nas primeiras exibições dos filmes.

Com a mudança da legislação internacional do GATT, que liberou o envio total das receitas, minha função depois perdeu o sentido e eu então sai da CIC para montar a minha própria produtora de cinema.
CG Produções  Cinematográficas Ltda. 








Cartazes e Ficha Técnica desses filmes.







FICHAS TECNICAS DOS FILMES




FICHA TECNICA DO FILME MOTEL



Brasil
1975 • cor • 90 min
Direção Alcino Diniz
Produção CIC / Carlos Guimarães de Matos Jr
Roteiro Alcino Diniz
Milton Marques
Elenco Maria Lúcia Dahl
Carlos Eduardo Dolabella
Rodolfo Arena
Jaime Barcellos
Milton Carneiro
Zanone Ferrite
Ary Fontoura
Suely Franco
Fátima Freire
Elza Gomes
Carlos Kroeber
Monique Lafond
Lutero Luiz
Rui Resende
Tânia Scher
Maurício Sherman
Bibi Vogel
Gênero comédia
Música Zé Rodrix
Idioma português


FICHA TECNICA DO FILME A EXTORSÃO



A Extorsão
Brasil
1975 • cor • 98 min
Direção
Produçãio Flávio Tambellini
CIC- Carlos Guimaraes de Matos Jr


Roteiro Flávio Tambellini
Rubem Fonseca (livro)
Elenco Paulo César Peréio
Kate Lyra
Suzana Faíni
Género drama
Música Dinger Rother
Direção de arte Flávio Tambellini
Edição Sylvio Renolde
Distribuição Cinema Internacional Corporation (CIC) do Brasil
Lançamento 6 de novembro de 1975
Idioma português
Elenco Filme A Extorsão detalhado



Elenco
Paulo César Peréio.... Murilo
Kate Lyra.... Laura
Suzana Faíni.... Renata
Carlos Kroeber.... Delegado
Otávio Augusto.... Assassino
Emiliano Queiroz.... José
Marcos Wainberg.... Neném e Nestor
Roberto Bonfim.... Esteves
Carlos Gregório.... Miguel
Arlete Salles.... Kátia
Lícia Magna.... Jurema
Ivan Setta.... Cavalão
Luiz Sérgio de Lima e Silva.... Cabeleireiro
Rosângela Nistal.... Ana
Paulo de Carvalho.... Dr. Júlio
Judy Miller.... Governanta
Maria da Silva.... Deolinda
Kátia D'Ângelo.... Secretária
Ângela Maria Brandão de Mattos.... Locutora da TV
Leilany Fernandes.... Mulher Entrevistada
Maria Alves
Clementina de Jesus
Jean Eustáquio Viola
Sérgio Correia
Marcos Rebu
Leilane Chediak
Luiza Maria Camargo
Waldemar Marques
Divaldo de Souza
Elisabeth de Azevedo Souza
Danton Jardim
Maria Amélia de Oliveira
Ura de Agadir
Herbert Richers Jr.
Brás Chediak




TANGARELLA A TANGA DE CRISTAL:

ítulo Tangarela, a Tanga de Cristal (Original)
Ano produção 1976
Dirigido por Lula Campelo Torres
Produzido por CIC/ Carlos Guimaraes de Matos Jr
Estreia
1976 ( Brasil )
Outras datas
Duração 85 minutos
Classificação L - Livre para todos os públicos
Gênero
Comédia Nacional
Países de Origem Brasil

Elenco de Tangarela, a Tanga de Cristal
Alcione Mazzeo Sandra
Aloysio De Oliveira
Flávio Moreira da Costa
Jardel Filho Lúcio Tangarella
Jô Soares Erasmo
Lídia Mattos Luisa Maria
Marie Claude
Paulo Coelho Avelar



FICHA TECNICA FILME O PAI DO POVO

Ano 1976

Direção JO Soares
Produção : CIC/ Carlos Guimaraes de Matos JR
Direção de Fotografia: Leonardo Barttucci

O pai do povo
Brasil
1976 • cor • 84 min
Direção

Produção Jô Soares

CIC/ Carlos Guimaraes de Matos Jr

Roteiro Carlos Ebert
Jô Soares
Alfredo Zema
Elenco Jô Soares
Agildo Ribeiro
Bibi Vogel
Carlos Eduardo Dolabella
Cyl Farney
Género comédia
Idioma português


Sinopse

Depois da explosão de três bombas atômicas, todos os homens da Terra se tornam estéreis por causa da radioatividade, com exceção de um, que dormia dentro de um cano de chumbo. Este homem, o "pai do povo", é convocado para dar continuidade à espécie humana.

Elenco
Jô Soares .... O Magnífico Contreras / Cardeal / Silvestrina
Agildo Ribeiro
Bibi Vogel
Geraldo Alves
Jaime Barcellos
Milton Carneiro
Carlos Eduardo Dolabella
Cyl Farney
Gracindo Júnior



FICHA TECNICA FILME OTALIA DA BAHIA / PASTORES DA NOITE


Pastores da Noite, OU Otália da Bahia é um filme brasileiro de drama lançado em 1977 no cinema. Dirigido por Marcel Camus e com roteiro de Marcel Camus, o filme é baseado no livro "Pastores da Noite" de 1964 de Jorge Amado. As filmagens do filme foram feitas em 1975 na cidade do Rio de Janeiro, com parceria de produção entre a Cinema International Corporation e a Orphée Arts – FR3 – Paris.[2] Estreou em 17 de agosto de 1977, no Brasil.



Pastores da Noite
Brasil
1977 • colorido • 120 min
Direção Marcel Camus
Produção Claire Du Val
Carlos Guimarães de Matos Jr
Roteiro Marcel Camus
Baseado em Pastores da Noite, de Jorge Amado
Elenco Grande Otelo
Antonio Pitanga
Zeni Pereira
Maria Viana
Jofre Soares
Mira Fonseca
Paco Sanches
Gênero drama
Direção de fotografia André Domage
Companhia(s) produtora(s) Cinema International Corporation
Orphée Arts – FR3 – Paris
Lançamento 17 de agosto de 1977[1]
Idioma português



Sinopse

Otália é uma recém-chegada, vinda de um bordel do Bonfim e chega em Salvador para morar no Castelo da Tibéria. Logo em que chega na cidade, é roubada na estação de trem. Otália conhece Martim, famoso por ser malandro, mulherengo e um lutador de capoeira, e se apaixona por ele. Mas Martim, acaba transando com a mulher do policial Miguel Charuto, que vai atrás dele para lhe dar uma surra, só que Martim ao lado do amigo Massu é quem acaba batendo em Miguel e seus parceiros. Os amigos de Martim sugerem que ele saia da cidade, então ele se despede de Otália, mas prometendo retornar. Como vingança, o Miguel e outros policiais incendeiam os barracos no Morro. Tempos depois, Martim retorna a Salvador casa com Marialva. Curió, um amigo e irmão de santo de Martim, fica encantado por Marialva e ela acaba por perceber. Martim e a mulher comparecem a uma festa de aniversário de Tibéria e Marialva briga com Otália, o casal se retira da festa. Acreditando estar fazendo ciúmes para Martim, Marialva manda chamar Curió e diz que vai se matar por causa do amor que sente por ele e lhe pede que conte essa paixão impossível para Martim. Quando Curió confessa ao amigo, Martim diz que ele pode levar Marialva. Ela fica furiosa, pois tudo não passava de um jogo. Ela abandona Martim e a casa. Martim volta à sua vida e retoma seu romance com Otália.
Elenco[3]
Mira Fonseca como Otália
Zeni Pereira como Tibéria
Maria Viana como Marialva
Antonio Pitanga como Martim
Paco Sanches como Curió
Grande Otelo como Artur
Thelma Reston como Beatriz
Emmanuel Cavalcanti como Inocêncio
Maria da Conceição como Agripina
Elke Maravilha
Wilza Carla
Virgínia Lane
Jaime Barcellos












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